quinta-feira, 14 de novembro de 2013

COMUNICAÇÃO E EXPRESSÃO - ARTIGO DE OPINIÃO


 Programa “Mais Médicos” e as dificuldades linguísticas

    No programa “Mais Médicos” do governo federal foram confirmados pelo ministério da saúde 18.450 médicos inscritos no primeiro ciclo de contratação, com o intuito de atender a 3.511 municípios no sistema único de saúde (SUS). Os médicos (em sua maioria de nacionalidades cubana, argentina e espanhola) estão sendo direcionados a cursos de saúde básica, sistema de saúde brasileira e língua portuguesa.
      Estes profissionais, por sua vez, encontrarão muitas dificuldades, como postos de saúde superlotados e falta de estrutura, medicamentos e aparelhos. Muitos deles já haviam atuado em programas como “Médicos Sem Fronteiras”, onde a escassez de recursos é frequente e os problemas linguísticos também são encontrados, porém estes fatores não os impediram de salvar vidas.
    Atualmente de acordo com o portal R7 de jornalismo, 3.663 médicos já desembarcaram e beneficiam 12,8 milhões de brasileiros. Atendendo a 1.098 municípios e 19 distritos indígenas, em sua maioria no norte e nordeste.
      Um dos principais problemas no programa Mais Médicos é o fato de ser visto com aversão por uma maioria brasileira. O programa visa resolver um problema imediato no Brasil, mas estes profissionais irão enfrentar a falta de apoio médico, enfermeiros e auxiliares, além de terem de se adaptar às variedades linguísticas do país (a comunicação entre médico e paciente é umas das principais queixas da população). Uma vez que já não temos uma estrutura básica aceitável para atender às demandas de pacientes, a dificuldade na comunicação pode agravar ainda mais o caso.                 
      Porém, se pensarmos no caso do programa “Médicos Sem Fronteiras”, podemos verificar uma vertente na situação, afinal, a grande maioria destes médicos atuou em países da África, Haiti e na Ásia, e ainda com toda dificuldade linguística e de estrutura (que muitas vezes tinha que ser completamente improvisada nestes países), eles fizeram a diferença salvando vidas e desdobrando-se para encontrar saídas para doenças sem o apoio de aparelhos médicos. No Brasil, no entanto, estão recebendo curso de língua portuguesa para enfrentar uma grande barreira linguística, e ao final do curso, se não apresentarem um desempenho satisfatório, podem ser mandados de volta a seus países.
      No inicio do curso, o ministro da saúde Alexandre Padilha, ponderou que os médicos terão ajuda com a língua e serão avaliados por suas capacidades de comunicação e expressão. O ministro também afirmou que ele mesmo já atendeu vários indígenas (mesmo sem saber uma palavra indígena), o que não o impediu de realizar o seu trabalho como médico satisfatoriamente, pois contava com o apoio de enfermeiros e agentes de saúde indígenas, apoio o qual também terão acesso os médicos estrangeiros.
    Isso nos leva a crer que as dificuldades linguísticas dos médicos podem ser superadas cada vez mais com o tempo de trabalho, já que o curso será disponibilizado via online para os profissionais durante os três anos do programa. Os próprios médicos alegam que o maior desafio é com a questão linguística, e até um dicionário com dialeto e gírias locais foi disponibilizado a estes profissionais.
    A língua portuguesa acabou, portanto, se tornando um instrumento médico, que pode salvar vidas. A importância da comunicação se tornou mais acentuada, nos mostrando cada vez mais que a capacidade de expressão e interpretação é tão necessária quanto um remédio para a cura de uma doença.
    Esperemos então que esta medida do governo não seja só mais uma ação política, e que estes médicos, mesmo não tendo que passarem pelo Revalida (exame nacional de revalidação do diploma médico), demonstrem a competência nas formas de comunicação e nas ações que precisamos no sistema de saúde público brasileiro. Esperemos também que logo, todos eles não precisem mais dos intérpretes no atendimento aos pacientes, e que eles aprendam o nosso bom português, em suas variações, para que não haja confusões como na simples palavra “grávida”, que em espanhol é “embarazada”.

terça-feira, 5 de novembro de 2013

APS - LÍNGUÍSTICA GERAL

Para um simples “entendeu?”, no passado usamos o “morou?”, que foi trocado pelo “sacou?” e hoje vemos na forma de “tá ligado?”.

Ao falar que uma moça é um “broto”, um “pitel” ou até mesmo uma “tetéia”, e que um homem é um “pão” podemos ser motivo de piada em uma roda de amigos hoje, mas nas antigas isso funcionava! Hoje usamos os simples “gata” e “gato” para demonstrar o quanto achamos alguém bonito e/ou atraente.

E quando achamos algo legal? Dizem os paulistas que é “da hora” ou que é “top”, os gaúchos dizem que é “tri”, já os bahianos e os cariocas dizem que é “massa” ou “show” e todas essas expressões eram resumidas, no passado por “supimpa”, “maneiro”, “transado” e “bacana” (esta, passou um tempo em desuso mas hoje está voltando à boca do povo).

Já quando alguém deixava de ir a uma festa, por exemplo, usava-se o “furou” e o não tão antigo “deu bolo”, hoje nem mais o “festa” é usado! Em seu lugar usa-se o “role” e até mesmo o “pico”. E quando alguém deixa de ir para o “role”, esse alguém “ramelou”. E se o “pico” foi “da hora” a gente “arrasa”, mas antes a gente “arrebentava a boca do balão” se o “role” não deu certo, ele “miou”, se no passado diríamos que “foi por água abaixo”.

Falando em passado, no passado, para falar em passado, era usada a expressão “no tempo do ronca”!
Chega de conversa furada, hora de “dar no pé”, expressão que, aliás, não mais é usada, atualizando: é hora de “vazar”.

Todos esses simples exemplos foram postos para mostrar como a língua evolui junto com seus falantes, e para a análise e estudo destas evoluções, temos a Linguística Histórica.

Linguística Histórica

A Linguística Histórica é o estudo da língua em relação ao seu desenvolvimento histórico (como surgiu, suas influências e mudanças sofridas ao longo do tempo).
As mudanças que ocorrem na língua estão relacionadas diretamente à sociedade, pois a língua é viva e acompanha a evolução de seus falantes. As mudanças se dão no léxico, na fonética, na estrutura gramatical e até mesmo na semântica das palavras.
Sendo a língua um fato social, guiada por regras internas e externas, as palavras, mesmo que pouco utilizadas não podem ter sua morte decretada, ou seja, não há como prever se e quando entrarão em desuso, e ainda quando ressurgirão, em sua forma original ou não.

Os falantes são criativos, criando assim gírias e mais gírias para regular o uso de algumas palavras e expressões. A polissemia, variados significados de uma mesma palavra/ expressão, tem papel importante nessa história, pois faz com que as gírias e expressões sobrevivam por mais tempo (ao menos um de seus significados).

domingo, 3 de novembro de 2013

 

 

O programa Mais Médicos e as dificuldades linguísticas.

Introdução:

        Através de pesquisas em jornais, revistas e sites sobre o  Programa Mais Médicos do governo federal, que faz parte de um amplo pacto de melhoria do atendimento aos usuários do Sistema Único de Saúde, onde prevê mais investimentos em infra estrutura dos hospitais e unidades de saúde, além de levar mais médicos para regiões onde há escassez e ausência de profíssionais.
     Percebemos que uma grande dificuldade destes profissionais, não é a infra-estrutura dos hospitais, ou a falta de aparelhos e medicamentos, mas sim a língua portuguesa, que apesar de não ser um grande empecilho para os termos médicos que em sua maioria provém do latim, ou do grego, atrapalha em uma questão importante entre médico e paciente.

       Uma reportagem da  revista Língua Portuguesa revela que, há no país ao menos 2.399 médicos estrangeiros, de acordo com os últimos dados da Demografia Médica no Brasil. Todos estão aqui muito antes de o Mais Médicos sair do papel. Vêm de 53 países - a América Latina representa 94% do total. No topo da lista estão os bolivianos, que somam 880, seguidos por 401 peruanos e 264 colombianos. Cuba está em quarto lugar, com 216 médicos em atuação veterana no território nacional.

- A comunicação com o paciente não é só pela linguagem falada ou escrita. Pode-se fazer gestos ou expressões, mas na hora de orientar uma dieta ou tentar mudar um estilo de vida, é preciso usar uma linguagem que seja bem interpretada por ambas as partes - afirma o médico argentino Hugo Luís Fernandez.

Ele chegou ao Brasil em 1989, já formado, com sua namorada brasileira, e achou que jamais entenderia o português de maneira mais aprofundada. Com paciência e esforço, diz que foi entendendo cada vez mais a língua e contou com a ajuda da sogra, professora de português.

- Tinha grande dificuldade em entender as diferentes formas de pronunciar as palavras conforme a região de origem do sujeito. As expressões idiomáticas não são fáceis de serem traduzidas e há abuso da linguagem grosseira. Apesar disso, entre os profissionais há uma linguagem bastante comum, já que os termos são derivados do latim e aqui é comum usar livros em inglês e espanhol - conta o médico da família, que trabalha na Unidade Básica de Saúde (UBS) Jardim Carombé, na zona norte da cidade de São Paulo.
 
É comum encontrarmos títulos de matérias como:


Nova leva de médicos cubanos tem dificuldade em falar português

  Falta de fluência em língua portuguesa deve ser o maior desafio para profissionais

     Na reportagem de Kamila Dourado do site R7, em Brasília.
Mostra que cerca de 2.000 médicos cubanos iniciaram a etapa de treinamento para atuarem em hospitais e postos em todo País. Nas próximas duas semanas, além de aulas sobre saúde básica e sistema de saúde brasileiro, os profissionais vão estudar a língua portuguesa. Em entrevista com o R7, alguns médicos cubanos afirmam que sua maior dificuldade, não são as estruturas precárias ou a falta de medicamentos que vão encontrar no interior do Brasil, que mais os assustam mas sim as dificuldades linguísticas.

    Alguns médicos entrevistados em espanhol afirmam que vão estudar o português com afinco, para que possam desempenhar um bom trabalho e para que este deixe de ser um fato de desconforto.

   O curso tem carga horária de 120 horas e tem ênfase em conhecimentos linguísticos, de comunicação, doenças prevalentes no Brasil e também aspectos éticos e legais de práticas médicas.


Bibliográfia: Revista Língua Portugues. 2013





quinta-feira, 11 de julho de 2013

Espaços Educativos Alternativos

Pesquisa para produção de espaço educativo a ser implementado em uma Escola Pública com base nas informações coletadas no Centro Cultural São Paulo. Pesquisa  desenvolvida pelas alunas do 1º semestre de Letras – Noturno para a Disciplina de Prática de Ensino.

INTRODUÇÃO 

A utilização de espaços extraclasses vai além do uso educativo no desenvolvimento dos alunos. Um espaço destinado dentro do ambiente educacional para novos conhecimentos e aprendizados prepara os jovens para interagir dentro e fora do ambiente escolar.

Agindo um pouco fora “da caixa”, sem hostilizar os parâmetros curriculares, é possível agregar diversão ao ensino através de práticas inclusivas e dinâmicas. Para isso é necessário planejamento prévio com responsabilidade que vise o espaço a ser utilizado, o público a ser atingido e o material a ser disponibilizado aos que terão acesso ao espaço.


Sendo assim, o trabalho a seguir falará sobre a utilização de um novo espaço educativo a ser implantado em uma Escola Pública com base nos dados coletado no Centro Cultura São Paulo, localizado na Rua Vergueiro, 1.000 e suas áreas disponibilizadas ao público em geral. Através de pesquisas e entrevistas, foram coletados dados relevantes para a implementação de um novo projeto educacional. 

ESPAÇOS EDUCACIONAIS ALTERNATIVOS 

Espaços educacionais alternativos ou espaços não tradicionais de ensino são ambientes externos, que vão além das salas de aula, onde é possível desenvolver atividades educacionais, complementando os conteúdos didáticos, aliando diversão e conhecimento. Todo e qualquer espaço pode ser utilizado para uma prática educativa, como áreas verdes na própria escola, no pátio escolar, em museus, zoológicos, parques, praças, bibliotecas, centros culturais etc.

Espaço - Recursos audiovisuais e laboratório de línguas 

A seção de Recursos Audiovisuais e Laboratório de Línguas da Biblioteca Sérgio Milliet oferece os serviços de audiovisionamento local de filmes, sessões de estudo com o uso de métodos autodidáticos de língua estrangeira e portuguesa e a consulta local de mídias digitais que acompanham os livros do acervo da Biblioteca Sérgio Milliet.

No espaço de audiovisionamento, o público pode assistir aos filmes pertencentes ao acervo do setor, composto de obras de ficção, documentários, séries originalmente veiculadas na televisão, palestras, debates, videoarte, dentre outros materiais. Para participar não há necessidade de inscrição.

ESPAÇO ADAPTADO PARA IMPLANTAÇÃO EM ESCOLAS PÚBLICAS

O espaço oferecerá um acervo de livros, gibis, revistas periódicas, DVDs e CDs em língua inglesa doados pelos docentes e discentes da própria escola e por outras instituições. Será utilizado para atividades dinâmicas como campeonatos de vídeo game, karaokê e música; rodas de leitura, oficinas de conversação e audiovisuais e pesquisas. Para participar basta estar regularmente matriculado no ensino fundamental ou médio da escola pública.

Materiais disponibilizados no espaço
Televisões, home theater, computadores, fones auriculares, microfones, livros, CDs e DVDs.

Vantagens e deficiências deste espaço

Vantagens.: 
Trabalhar o interesse, curiosidade, raciocínio lógico, concentração, coordenação motora e criatividade do aluno, além de promover a cultura e interação social.

Deficiências.:
Não abrange uma grande quantidade de alunos por conta da limitação do espaço. Limitar a quantidade de alunos/ participantes das atividades. Não será aberto ao público devido à preservação dos materiais dispostos e do próprio local.

Critérios de escolha

Como se sabe, o evento de grande porte, a Copa do Mundo, está às vésperas. Estrangeiros de todas as partes do mundo virão ao Brasil para prestigiá-lo e, portanto, é de suma importância que a sociedade brasileira seja levada ao conhecimento e aprendizado da língua inglesa, para que este momento de confraternização, seja explorado e aproveitado também para a aquisição de novos conhecimentos, troca de experiências e a descoberta de culturas diferentes. 

Diante disto, o espaço cultural Recursos Audiovisuais e Laboratório de Línguas foi o escolhido para ser implantado em escolas públicas do Estado de São Paulo e possivelmente ser estendido aos demais Estados. 

O projeto de implantação deste espaço cultural visa não somente a contribuição dos alunos e demais público para o desenvolvimento dos negócios durante o campeonato mundial, mas também o aprendizado de um novo conhecimento para toda a vida. O intuito é de que os alunos, futuros agentes da sociedade, desenvolvam habilidades comunicacionais na língua estrangeira inglesa, a língua universal e estejam preparados para o mercado de trabalho, mundo acadêmico, bem como, sintam-se aptos para conviverem com realidades diferentes.

Programação

Ficará disponível de segunda à sexta-feira durante todo o período de aula e aos sábados das 07 às 15h. A programação estará sujeita a alteração de acordo com a realização de eventos, projetos e dinâmicas realizados neste espaço.

Introdução ao espaço

Solicitar aos professores que utilizem este espaço para aplicação de atividades inter-relacionadas (entre a matéria e os materiais dispostos no espaço cultural), para que os alunos sejam introduzidos a este espaço e habituem-se com o mesmo. 
 
Exemplo: professor de geografia levará os alunos a reconhecer a densidade geográfica através de dinâmicas onde serão utilizados os materiais dispostos no espaço.

Divulgação

Folders espalhados pela escola, boca a boca e propaganda em redes sociais (feitas pelos próprios alunos e professores).

Recursos utilizados

Para a implantação do espaço será utilizado recursos financeiros da própria instituição de ensino em parceria com o governo, além de doações o corpo docente e discente, pais e responsáveis e organizações filantrópicas.

Recursos humanos

Os funcionários do espaço serão alunos da própria instituição de ensino e estagiários.

CONSIDERAÇÕES FINAIS

Este projeto foi desenvolvido baseado na deficiência das escolas públicas do Brasil, pois atualmente ainda existe o autoritarismo no ensino. Tais deficiências são notadas nas atividades limitadas que ocorrem em sua maioria somente nas salas de aula, e não em espaços alternativos. 

Um projeto como esse facilitaria o aprendizado além de complementar e trazer a tona uma nova maneira de aprender “brincando” com contextos que cercam a realidade dos alunos. 

BIBLIOGRAFIA 

Centro Cultural São Paulo. Disponível em: <http://www.centrocultural.sp.gov.br> 
Acesso em 23/05/2013 às 21:49h

O custo da escola pública. Disponível em: <http://chermontlopolis.wordpress.com>  Acesso em 23/05/2013 às 22:15h

domingo, 9 de junho de 2013

O gênero "Frase" e a manipulação da opinião pública

Identificação, coleta e análise crítica sobre o Gênero Textual “Frase” dentro do campo jornalístico e seu processo de manipulação do leitor. Pesquisa  desenvolvida pelas alunas do 1º semestre de Letras – Noturno para a Disciplina de Gêneros Textuais.
 
INTRODUÇÃO
 
Dentre os vários gêneros textuais, destaca-se um novo gênero nomeado “frase”, o qual está presente em diversos suportes do meio comunicativo. 
 
Oralmente ou verbalmente, a frase manifesta-se nas produções textuais presentes no dia a dia, seja numa propaganda, numa manchete e até mesmo num aviso. O estudo a seguir discorrerá sobre esse novo gênero textual através de um texto dissertativo, informando sobre as suas características, formas de uso, estruturação etc. Para validação, serão apresentadas frases inseridas no discurso jornalístico, as quais serão analisadas com o intuito de demonstrar como ocorre o processo de manipulação do leitor frente a uma curta expressão, permitindo assim diversas interpretações.
 
As características que fazem com que os exemplos façam parte do gênero textual “frase”, a intencionalidade do autor para com o leitor, a situacionalidade e a estruturação destas frases exemplificadas também serão apontadas para o melhor entendimento.
 
 CARACTERIZAÇÃO DO GÊNERO TEXTUAL “FRASE”
 
Os gêneros textuais são de suma importância para o ensino/aprendizagem e uma sugestão dos Parâmetros Curriculares Nacionais, posto que em toda comunicação utiliza-se gêneros textuais e ao utilizarmos em sala de aula, os alunos têm contato com uma diversidade de textos, muitas vezes já conhecidos por eles, mas de uma forma mais concreta e aprofundada.
 
Após os estudos de Bakhtin sobre gêneros e de estudos posteriores de outros linguistas e gramáticos, a definição de gênero tornou-se ampla e aberta, se tratando de um conjunto de produções verbais bem organizadas e estruturadas, tanto orais como escritas.
 
Partindo dessa ampla definição, surge então o gênero “frases”, veiculado nos domínios discursivos revistas e jornais. Para identificá-lo, os jornais e revistas utilizaram-se dessa nomenclatura. Dentro do domínio discursivo, o gênero “frases” surge geralmente em uma seção nas paginas iniciais, intitulada ou não.  Como exemplos de títulos temos a retrospectiva (melhores frases de um período), o bate-boca (frases contrapostas com declarações entre locutores ou sobre um tema) e o humor, classificado em ironias, tautologias, subentendidos, ambiguidades etc.
 
Em relação a sua estrutura, o gênero frases compõe-se de duas partes: a fala do locutor e o contexto do editor. A ordem é a fala em primeiro plano, seguida do contexto que é composto da identificação do locutor, um aposto que identifica sua profissão ou cargo, um aposto com uma informação adicional (caso o locutor não seja tão conhecido ou com uma critica/sátira do editor) e uma breve explicação do assunto ou tópico da fala (este podendo ser opinativo ou informativo). Sua estrutura pode ser completa (quando essas informações aparecem) ou incompleta (quando não se têm todas essas informações).
 
Para entender a fala do locutor é necessário que se tenha o contexto e este pode ser classificado em contexto informativo (traz somente informações, bem objetivas, sem constar a opinião do editor), contexto atrelado (há a necessidade de saber a fala anterior e outros meios, para se entender o texto) e contexto interpretativo ou tendencioso (quando há a opinião do editor e, além disso, o leitor é convidado a compreender as intenções do editor e a refletir e opinar também).
 
O gênero frase não pode ser analisado separadamente, mas a fala do locutor em conjunto com o contexto do editor torna-se o texto. As fontes utilizadas para a escolha das frases, pelos editores são orais (anotadas e gravadas de entrevistas e outros eventos comunicativos) e escritas (cartazes, faixas, jornais, revistas e redes sociais).
 
Analisando o aspecto temporal as “frases” podem ser situadas (falas de eventos comunicativos atuais, como questões políticas, sociais e escândalos, com a necessidade de o leitor saber os acontecimentos atuais) e eternas (falas atemporais, que possuem o mesmo significado e efeito independente da época que é veiculada, normalmente de escritores famosos e cientistas, não precisam ser atuais e não exige que o leitor saiba os acontecimentos atuais).
 
Existem alguns tipos de locutores, a saber: locutores adultos de renome (nacionais ou internacionais), crianças e adolescentes, pessoas do povo (anônimos) e instituições.
 
Ao inserir o estudo do gênero “frases” na sala de aula, o professor terá facilidade, pois o texto é de fácil leitura, abrange todas as matérias (dependendo da fala do locutor e do contexto), as frases tanto podem trazer acontecimentos atuais como mensagens atemporais, promove o contato com os domínios discursivos e pode estimular discussões produtivas, formadoras de cidadãos mais cultos e conscientes.

COLETA DE AMOSTRAS E ANÁLISE CRÍTICA
 
O corpus de pesquisa escolhido para o estudo do Gênero “Frase” foi a seção “Veja Essa” publicada semanalmente na Revista Veja como veremos a seguir:
 
“O estádio será para os corintianos o que Israel é para os Judeus”
LUÍS PAULO ROSENBERG, vice-presidente do Corinthians, no Wall Street Journal
Revista Veja, Edição 2.309 de 20 de fevereiro de 2013 – página 57
 
A frase em destaque apresenta características de humor subentendido, pois, por trás do que foi dito o leitor pode ler as entrelinhas. Ela está inserida em um contexto atrelado já que é do senso comum que Israel para os Judeus é a “Terra Prometida”, o lugar sagrado que pertence e identifica seu povo. Assim como Israel, o estádio do Corinthians representa o território da “nação corintiana”. Apesar de apresentar uma estrutura incompleta (informa locutor de renome e aposto, mas não identifica a situação / momento na qual foi dita) não deixa de ser uma frase com característica eterna / atemporal. A intenção do autor é exaltar a imagem do time Paulista perante os demais.
 
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“É sintomático o número de integrantes da suposta quadrilha. Treze é também o número do Partido dos Trabalhadores”
MARCO AURÉLIO MELLO, ministro do Supremo, ao condenar os mensaleiros por formação de quadrilha.
Revista Veja, Edição 2.293 de 31 de outubro de 2012 – página 72
 
Inserida em um contexto tendencioso, com forte característica de humor subentendido, a frase acima ao comparar o número de condenados (13) com o número do Partido dos Trabalhadores, está sarcasticamente envolvendo o PT no mensalão. Além disso, no sentido implícito da palavra “sintomático” a revista tem a intenção de passar ao leitor a mensagem que uma doença (o mensalão) é sintoma de outra (O Partido dos Trabalhadores). Por ser uma frase situada, dentro de um intenso cenário político, a revista fornece todas as informações necessárias para seu entendimento - locutor de renome, aposto e ocasião.
 
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domingo, 2 de junho de 2013

Semântica

A Semântica é o campo da Língua Portuguesa que estuda as significações das palavras. No que diz respeito ao aspecto semântico da língua, podem-se destacar a Sinonímia, a Antonímia e a Polissemia.
 
A Sinonímia estuda as palavras sinônimas, ou seja, aquelas que possuem significado ou sentido semelhante. Vejamos:
 
 1. A garota renunciou veementemente ao pedido de casamento.
 2. A menina recusou energeticamente o pedido de casamento.
 3. A mocinha rejeitou impetuosamente o pedido de casamento.
 
Vemos que os substantivos “garota”, “menina” e “mocinha” têm um mesmo significado, sentido, todos correspondem e nos remete à figura de uma jovem. Assim também são os verbos “renunciou”, “recusou” e “rejeitou”, que nos transmite ideia de repulsa, de “não querer algo” e também os advérbios que nos fala da maneira que a ação foi cometida “veementemente”, “energeticamente” e “impetuosamente”, ou seja, de modo intenso.

A Antonímia estuda as palavras com sentido oposto. Vejamos:

 1. A garota renunciou veementemente ao pedido de casamento.
 2. A senhora aceitou passivamente o pedido de casamento.


Percebemos que “garota” tem significado oposto à “senhora” assim como os verbos “renunciou” e “aceitou” e os advérbios “veementemente” e “passivamente”.


Veja na música de Caetano Veloso a seguir, o jogo de significados opostos:



A Polissemia é o estudo  das significações que uma palavra assume em determinado contexto linguístico. Uma mesma palavra na língua pode assumir diferentes significados, o que dependerá do contexto em que está inserida. Observe:

 1. A menina fez uma bola de sabão com o brinquedo.
 2. A mãe comprou uma bola de basquete para o filho.
 3. O rapaz disse que sua barriga tem formato de bola.
 4. A professora falou para desenhar uma bola.


Nos exemplos acima, a palavra  “bola”, assumiu diferentes significados, a partir de um contexto (situação de linguagem) diferente em cada frase; Respectivamente temos: o formato que a bolha de sabão fez; o objeto usado em jogos; o aspecto arredondado da barriga e ainda o sentido de círculo, circunferência na última oração.

BIBLIOGRAFIA
 
Semântica. Disponível em: <http://www.brasilescola.com/portugues/semantica.htm> Acesso em 02/06/2013 as 17:46h

quinta-feira, 30 de maio de 2013

Projeto Pedagógico - Gêneros Textuais


PROJETO PEDAGÓGICO
Projeto desenvolvido com o objetivo de trabalhar os Gêneros Textuais em sala de aula.

Objetivo: Levar a classe à construção de um roteiro com base em uma narrativa.
Tempo de duração previsto: 15 minutos
Materiais: roteiros de filmes baseados em livros que possam servir como exemplo

Procedimentos:
1.    Representar uma pequena cena do filme “Se Eu Fosse Você” utilizando a narrativa do roteiro para apresentar os elementos deste gênero.
2.    Definir o gênero textual roteiro oralmente
3.    Discutir com a classe as linhas gerais de estruturação de um roteiro cinematográfico
4.    Discutir sobre os diferentes tipos de roteiros possíveis (turístico, de telenovela)
5.    Apresentar para a classe as diferentes características de um roteiro para uma   narrativa através do roteiro do filme “Crepúsculo” para a narrativa do livro de mesmo nome escrito por Stephenie Meyer.
6.    Propor à classe a escrita de uma pequena narrativa que possa ser transposta em seguida para a estrutura de um roteiro.

BIBLIOGRAFIA

SILVA. Tânia Mara Silva de. A construção de sentido no gênero roteiro com enfoque na referenciação. 2007. 113 p. Dissertação (Mestrado) – Instituto de Letras, Universidade Federal Fluminense, Niterói   
MEYER, Stephenie. Crepúsculo. São Paulo: Intrínseca, 2008

Fatores de Textualidade

Estudo e Análise com base no livro “Redação e Textualidade” de Maria da Graça Costa Val.

O QUE É UM TEXTO?
- linguagem em uso

O QUE É TEXTUALIDADE?
- Características que fazem com que um texto não seja apenas uma sequenciam de frases

COERÊNCIA E COESÃO
-Sentido do Texto
-Partilhar conhecimento entre os interlocutores
-Coesão: unidade formal do texto
-Coerência: promover a inter-relação entre os elementos do discurso
-Coesão e Coerência de um texto também depende do conhecimento do recebedor

INTENCIONALIDADE E ACEITABILIDADE
-Protagonistas do ato da comunicação – Beaugrande e Dressler (1983)
-Intencionalidade: construir um discurso coerente e coeso
-Aceitabilidade: se refere a expectativa do recebedor de o que o texto com que se defronta seja útil e relevante

SITUACIONALIDADE
-Pertinência e relevância do texto quanto ao contexto em que ocorre.
-Adequação do texto a situação sociocomunicativa

INFORMATIVIDADE
-Interesse do recebedor pelo texto vai depender do grau de informatividade
-A medida na qual as ocorrências são esperadas ou não, conhecidas ou não

INTERTEXTUALIDADE
-Fatores que fazem a utilização de um texto dependente do conhecimento de outros textos

O texto escolhido para analise foi a capa da Revista Veja referente à renúncia do Papa Bento XVI publicada em fevereiro de 2013.

Coerência e Coesão
Texto de acordo com o conhecimento de mundo do leitor

Intencionalidade e Aceitabilidade
Comover e chamar a atenção para a causa católica 

Situacionalidade
Momento conturbado para a Igreja Católica devido às denuncias/questionamentos

Informatividade
Alto grau de informatividade
Intertextualidade
Remete ao sacrifício de Jesus Cristo
 
BIBLIOGRAFIA

Costa Val,  MARIA DA Graça. Redação e Textualidade. 3ed. São Paulo: Martins Fontes, 2006
MARIO SABINO. Como um Raio Divino. Revista VEJA, São Paulo, Ano 46 no 08, fevereiro/2013, capa.
 

quarta-feira, 29 de maio de 2013

Análise da conversação

ANÁLISE DA CONVERSAÇÃO – CORPUS DE PESQUISA

O estudo a seguir falará do perfil de estudantes universitários de classe média que frequentam a região do Itaim Bibi em São Paulo. A conversa coletada para análise foi gravada no dia vinte e um de maio de dois mil e treze no Brascan Open Mall, o shopping a céu aberto, localizado na Rua Joaquim Floriano, 466. Os interlocutores aqui citados serão tratados por falante “A” e falante “B” – estudantes universitárias do Curso de Secretariado na faixa etária entre 20 e 30 anos.

A conversa foi gravada na Praça de Alimentação do Shopping.



Legenda 
Sinais utilizados para a transcrição da conversa a ser a analisada a seguir:

Falas simultâneas =   [[
Sobreposição de vozes = [
Sobreposição localizadas = [ ]
Pausas = (+)
Dúvidas e suposições = (incompreensível) & ( )
Truncamentos = / 
Ênfase = MAIUSCULA
Alongamento de vogal = : :
Comentários = ((      ))
Interrogação = ””


TRANSCRIÇÃO DO CORPUS DE PESQUISA

A: Já começaram as provas””
B: Sim, (essa semana sim)
     Mais eu já fiz umas quatro provas.
     Minha filha, eu tô faltando mais que qualquer coisa. Só Deus (incompreensível)
A: Eu já reprovei por falta
B: Acho que vou pegar uns dois DPs esse semestre porque inglês eu falto mais do que tudo.
A: (incompreensível) Já que semana que vem é prova eu tenho desculpa pra chegar
     cedo em casa todo dia entendeu”” (+)
     Mais cedo
B: Por que””
A: Porque eu tenho que ficar fora de casa pra fingir que eu tô (estudando)
B: Eu não acredito!
A: Juro pra você
B: Cê tá fazendo isso””
A: É. De vez em quando. Ontem eu falei que fui dispensada porque teve simulado do
     Enade e eu já fiz o semestre passado
B: Isa::bela. Nos dias que eu tava faltando fiz a mesma coisa.
B: Meu Deus, eu não sou mais aprendiz de minhoca ((ri))
A: Não, cê é aprendiz de Isabela inteira ((ri))
B: Porque puta que pariu, eu tô faltando de quinta-feira
A: hãm
B: e de quarta-feira.
A: Ótimo
B: Eu só tenho umas 8 faltas (incompreensível)
A: Quarta-feira a gente vai fazer o quê””
     Tipo amanhã? A gente vai passar no shopping? ((ri))
B: ki que cê fica fazendo, você vai pro Shopping, vai pro bar
A: Eu:: vo::u andar de metrô
A: Eu vou até a Vila Madalena da Vila Madalena eu vou até o Tamanduateí
B: Eu não acreditu
B: ((ri alto)) (+) (incompreensível) andá de metrô
A: ok eu / mas eu vou fazê o que””
B: Vai ficá andando de metrô
A: ((tossindo)) É. Pelo menos é barato, né?
     Se eu for pro shopping eu vou torrá todo o meu dinheiro e acabá com o meu
     limi::te do meu cartão.
B: Tivemos uma aprovação no passeio de metrô, uhhu!
B: Alguma coisa alguém que passeia de metrô sem necessidade
A: (+) É né”” Tem que disfarçar (incompreensível)
B: Mas a sua mãe pega no seu pé””
A: pega.(+)
     “Cê não vai pra faculdade hoje””
      Nunca tem aula nessa porcaria dessa sua faculdade”
B: Nossa, meu pai falô “quê ISSO
    essa faculdade parece escola estadual. ((gesticula)) (+)
    Como que o professor falta, cê tá pagando como que ele falta”
A: (incompreensível) atividade eu encaminho pra minha mãe,
     “olha não vai ter aula”
A: Eu (incompreensível) assim só que segunda-feira passada meu professor  de espanhol faltô. 
     Marcio, cê conheceu””
B: (incompreensível) (+)
A: Só que a secretaria não avisô
B: a falta dele hãm
A: Então eu cheguei mais cedo em casa e avisei que o professor faltô
     pra que”” meu pai fez um escarcéu. (+)
B: (incompreensível)
A: “cê tá pagando a faculdade pro professor ficá faltandu
     Não é a primeira vez que esse cara falta.”
     É a primeira vez que ele faltô ((ri))
B: a primeira vez que ele faltô de verdade, né? (incompreensível)
A: é de verdade (incompreensível) (+)
B: A::h, me::u De::us (+)
B: o professor de inglês de sexta-feira ele sabia que tem gente que
    (incompreensível) que vai num      vai, vai num vai. 
    Eu falei mãe o professor tá de licença ki que eu posso fazer. (+)
    Não é possível que não vai ning..


CONSIDERAÇÕES FINAIS

Tendo em vista que a análise da conversação é um estudo analítico dos processos conversacionais, o seu estudo e pesquisa é importante para compreender a estrutura, os objetivos e os elementos conversacionais, temas relevantes quando se trata de linguagem e interação.
O presente estudo, embasado no livro de Marcuschi, analisou uma situação conversacional cotidiana descrevendo-a de forma analítica para reconhecimento das características sócio culturais e dos usos que os respectivos falantes fazem da linguagem. E o objetivo final deste estudo é este, identificar e analisar os processos conversacionais de um determinado grupo dentro do campo da análise da conversação.


BIBLIOGRAFIA
MARCUSCHI, L.A. Análise da Conversação. 6 ed. São Paulo: Ática, 2007b.
DIONISIO, Ângela P. Análise da Conversação. IN: Musaalim, F. & BENTES, A.C. (orgs). Introdução à Linguística – Domínios e Fronteiras. 6.ed. São Paulo: Cortez, Vol. 2, 2005, p. 69-99.