sexta-feira, 30 de maio de 2014

APS - POESIA PORTUGUESA

Introdução

A maior parte dos poetas portugueses, em seus poemas, exaltam as mulheres. Outros poetas fazem exatamente o contrário, reduzem sua imagem física e intelectualmente, e em alguns casos até as culpam por seus fracassos. A descrição da mulher, nos poemas, é realizada através de detalhes sentimentais, passando assim, a ideia de que ela seja a origem do sentimento.
      A sobrevalorização concedida tradicionalmente a uma figura feminina que viveu entre o século XVII e primeiras décadas do século XVIII, fez com que a mulher fosse considerada por muitos um ícone.
Dentre as escritoras portuguesas que ficaram na obscuridade ou semiobscuridade, Soror Mariana, a qual teria escrito as famosas Cartas Portuguesas pode ser em parte causa da relativa obscuridade das Autoras portuguesas contemporâneas e que viveram nos séculos seguintes. Isto porque, conforme a posição defendida por Klobucka na sua obra a atribuição da Autoria de Cartas Portuguesas a Mariana Alcoforado é, ao que tudo indica fictícia, tendo o mesmo acontecido com Violante de Cisneyros e outras ficções de autoria masculina atribuída à pena feminina, tradição que recua até à época medieval com as cantigas de amigo. O que não significa que a obra não tenha exercido influência nas obras que são de fato de autoria feminina em Portugal, influência essa que se manifesta em várias autoras do século XX, como acontece com a poesia de Florbela Espanca.

Os conceitos ideológicos comparados ao decorrer dos séculos

Trovadorismo

A mulher no trovadorismo tinha algumas semelhanças e diferenças. No trovadorismo a mulher era desejada pelos homens, era tida como um ideal masculino. Chegava um ponto que os homens escreviam cantigas para as moças. Hoje em dia o homem conquista a mulher de outra forma.
A mulher na Sociedade Medieval aprendia cedo os afazeres domésticos. Ela não trabalhava, se comprometendo, desta forma, somente as atividades domésticas e à educação dos filhos. Não interferia nas decisões políticas e praticamente não tinha direitos, suas obrigações eram, resumidamente, saber se portar diante de outras pessoas. Os pais eram quem designavam às filhas com quem iriam se casar.  

“Marinha, o teu folgar
tenho eu por desacertado,
e ando maravilhado
de te não ver rebentar;
pois tapo com esta minha
boca, a tua boca, Marinha;
e com este nariz meu,
tapo eu, Marinha, o teu;

com as mãos tapo as orelhas,
os olhos e as sobrancelhas,
tapo-te ao primeiro sono;
com a minha piça o teu cono;
e como o não faz nenhum,
com os colhões te tapo o cu.
E não rebentas, Marinha?”

(Afonso Eanes de Coton)
     

Renascimento

Ao longo do tempo, a mulher era considerada como objeto de reprodução e como dona de casa. Ela não tinha o poder de mandar e nem de expressar suas ideias. Inconformadas, muitas mulheres se rebelaram, muitas tiveram que dar a sua própria vida em troca de uma posição melhor na sociedade, principalmente no trabalho, na política, e nos direitos sociais.
Contudo, nessa época, muitas se destacaram. Com o passar do tempo, a visão que a sociedade e principalmente os homens tinham em relação à mulher, foi mudando. Com isso, elas foram conquistando seu espaço na sociedade, conseguindo empregos e seus direitos.
O preconceito ainda não morreu dentro das pessoas, mas está desaparecendo. Na atualidade, há mulheres que têm se destacado muito mais na área do trabalho do que os homens. Porém, devido ao preconceito que ainda existe na sociedade, o salário da mulher não é devidamente remunerado.

Classicismo

A arte clássica  era naturalista e objetiva; a realidade era idealizada pelo artista. A mulher amada era descrita como  um ser celestial, igual aos anjos; a natureza era vista como uma região paradisíaca, onde a paz e a harmonia de bosques e florestas eram mostradas.

Barroco

       A mulher barroca é descrita nos poemas como alguém dual, incapaz de receber somente elogios, pois neste período passa-se a perceber o outro lado feminino, aquele que não é apenas positivo, mas também negativo, acabando-se, assim, com a concepção da figura do ser perfeito. É comum, ao Barroco, mostrar a dualidade, os dois polos opostos -, em que nada é tão positivo, nada é tão negativo, tudo tem os dois lados.
Sempre mostrada em termos de excelência, a mulher foi vista como um ser desejado pela beleza do seu corpo e cujos atributos superavam tudo quanto à natureza pudesse oferecer de belo. Se, por um lado, a mulher barroca foi apresentada como exemplo de beleza, paradoxalmente, ela tornou-se alvo, também, de críticas. Deste modo, salientaram-se algumas imperfeições e defeitos físicos, e alguns vícios repulsivos, como a ganância por dinheiro e a ambição desmedida. A licenciosidade de certas mulheres também não escapou ao reparo dos poetas.

Arcadismo

A mulher no arcadismo teve uma grande divulgação pelo Bocage, árcade, já é romântico por temperamento.  Dentro desta temática, outro procedimento típico da poesia árcade de Bocage é a comparação entre a mulher amada e a natureza. Evidentemente, como seria de se esperar, o resultado de tal processo é a constatação da beleza incomparável da mulher. Encontramos, ainda, textos em que a alegria dos amantes é tão grande que pode despertar a inveja dos deuses.

Nascemos para amar; a Humanidade
Vai, tarde ou cedo, aos laços da ternura.
Tu és doce atractivo, ó Formosura,
Que encanta, que seduz, que persuade.

Enleia-se por gosto a liberdade;
E depois que a paixão na alma se apura,
Alguns então lhe chamam desventura,
Chamam-lhe alguns então felicidade.

Qual se abisma nas lôbregas tristezas,
Qual em suaves júbilos discorre,
Com esperanças mil na ideia acesas.

Amor ou desfalece, ou pára, ou corre:
E, segundo as diversas naturezas,
Um porfia, este esquece, aquele morre.

Nascemos para Amar - Bocage, in 'Sonetos'


Romantismo

A mulher, entre os românticos, aparece convertida, em anjo, em figura poderosa, inatingível, capaz de mudar a vida do próprio homem. A mulher era vista pelos escritores românticos como um ser distante, que era idealizado por aquele que amava. Esta idealização se expressava nos elogios de que era objeto e na sensação de que não se era digno de merecer o amor desta mulher. No período romântico a mulher vivia essencialmente no ambiente doméstico, ou como ajudante nos ambientes sociais, acompanhando o cavalheiro, servindo-lhe de adorno. As leituras femininas circunscreviam-se, em sua maioria, aos romances franceses, enquanto os homens aventuravam-se pela política, pela filosofia e pelas ciências em geral.

Estás tão bonita hoje. Quando digo que nasceram
Flores novas na terra do jardim, quero dizer
Que estás bonita.

Entro na casa, entro no quarto, abro o armário,
Abro uma gaveta, abro uma caixa onde está o teu fio
De ouro.

Entre os dedos, seguro o teu fino fio de ouro, como
Se tocasse a pele do teu pescoço.

Há o céu, a casa, o quarto, e tu estás dentro de mim.

Estás tão bonita hoje.

Os teus cabelos, a testa, os olhos, o nariz, os lábios.

Estás dentro de algo que está dentro de todas as
Coisas, a minha voz nomeia-te para descrever
A beleza.

Os teus cabelos, a testa, os olhos, o nariz, os lábios.

De encontro ao silêncio, dentro do mundo,
Estás tão bonita é aquilo que quero dizer.

A Mulher Mais Bonita do Mundo.- José Luís Peixoto



Parnasianismo
No parnasianismo, o enfoque na mulher era sensual, a ênfase era colocada em suas características físicas. Aqui se procura uma poesia mais cerebral, onde o belo deveria ser alcançado por meio de um trabalho meticuloso. Eles tinham uma visão diferente dos românticos, sobre a mulher, sua visão era mais carnal.

Para alguém sou o lírio entre os abrolhos,
E tenho as formas ideais de Cristo;
Para alguém sou a vida e a luz dos olhos,
E, se na Terra existe, é porque existo.

Esse alguém, que prefere ao namorado
Cantar das aves minha rude voz,
Não és tu, anjo meu idolatrado!
Nem, meus amigos, é nenhum de vós!

Quando, alta noite, me reclino e deito,
Melancólico, triste e fatigado,
Esse alguém abre as asas no meu leito,
E o meu sono desliza perfumado.

Chovam bênçãos de Deus sobre a que chora
Por mim além dos mares! esse alguém
É de meus olhos a esplendente aurora;
És tu, doce velhinha, ó minha mãe!

Alguém - Gonçalves Crespo, in 'Miniaturas

Modernismo

Esta escola repudiava os clássicos, opondo-se às regras e modelos, procurando a total liberdade de criação, além de defender a "impureza" dos gêneros literários.

Dá a surpresa de ser.
É alta, de um louro escuro.
Faz bem só pensar em ver
Seu corpo meio maduro.

Seus seios altos parecem
(Se ela tivesse deitada)
Dois montinhos que amanhecem
Sem Ter que haver madrugada.

E a mão do seu braço branco
Assenta em palmo espalhado
Sobre a saliência do flanco
Do seu relevo tapado.

Apetece como um barco.
Tem qualquer coisa de gomo.
Meu Deus, quando é que eu embarco?
Ó fome, quando é que eu como?

Dá a Surpresa de Ser - Fernando Pessoa

Considerações Finais:

A mulher na literatura portuguesa tinha infinitas formas de como eram descritas. Cada escola literária tem sua característica e opinião sobre o assunto. Algumas compartilham ideais iguais, sobre o assunto, mas sempre com uma diferença relevante.
Ao compararmos as várias obras que retratam a mulher em diferentes escolas literárias, podemos identificar as variações de conceitos e ideologias modificadas com o tempo. Mesmo hoje, o texto sobre a mulher sofre consequências derivadas deste contexto histórico relevante para a formação ideológica no que se diz respeito aos direitos, cotidiano e características da mulher.


Referência Bibliográfica:


quinta-feira, 14 de novembro de 2013

COMUNICAÇÃO E EXPRESSÃO - ARTIGO DE OPINIÃO


 Programa “Mais Médicos” e as dificuldades linguísticas

    No programa “Mais Médicos” do governo federal foram confirmados pelo ministério da saúde 18.450 médicos inscritos no primeiro ciclo de contratação, com o intuito de atender a 3.511 municípios no sistema único de saúde (SUS). Os médicos (em sua maioria de nacionalidades cubana, argentina e espanhola) estão sendo direcionados a cursos de saúde básica, sistema de saúde brasileira e língua portuguesa.
      Estes profissionais, por sua vez, encontrarão muitas dificuldades, como postos de saúde superlotados e falta de estrutura, medicamentos e aparelhos. Muitos deles já haviam atuado em programas como “Médicos Sem Fronteiras”, onde a escassez de recursos é frequente e os problemas linguísticos também são encontrados, porém estes fatores não os impediram de salvar vidas.
    Atualmente de acordo com o portal R7 de jornalismo, 3.663 médicos já desembarcaram e beneficiam 12,8 milhões de brasileiros. Atendendo a 1.098 municípios e 19 distritos indígenas, em sua maioria no norte e nordeste.
      Um dos principais problemas no programa Mais Médicos é o fato de ser visto com aversão por uma maioria brasileira. O programa visa resolver um problema imediato no Brasil, mas estes profissionais irão enfrentar a falta de apoio médico, enfermeiros e auxiliares, além de terem de se adaptar às variedades linguísticas do país (a comunicação entre médico e paciente é umas das principais queixas da população). Uma vez que já não temos uma estrutura básica aceitável para atender às demandas de pacientes, a dificuldade na comunicação pode agravar ainda mais o caso.                 
      Porém, se pensarmos no caso do programa “Médicos Sem Fronteiras”, podemos verificar uma vertente na situação, afinal, a grande maioria destes médicos atuou em países da África, Haiti e na Ásia, e ainda com toda dificuldade linguística e de estrutura (que muitas vezes tinha que ser completamente improvisada nestes países), eles fizeram a diferença salvando vidas e desdobrando-se para encontrar saídas para doenças sem o apoio de aparelhos médicos. No Brasil, no entanto, estão recebendo curso de língua portuguesa para enfrentar uma grande barreira linguística, e ao final do curso, se não apresentarem um desempenho satisfatório, podem ser mandados de volta a seus países.
      No inicio do curso, o ministro da saúde Alexandre Padilha, ponderou que os médicos terão ajuda com a língua e serão avaliados por suas capacidades de comunicação e expressão. O ministro também afirmou que ele mesmo já atendeu vários indígenas (mesmo sem saber uma palavra indígena), o que não o impediu de realizar o seu trabalho como médico satisfatoriamente, pois contava com o apoio de enfermeiros e agentes de saúde indígenas, apoio o qual também terão acesso os médicos estrangeiros.
    Isso nos leva a crer que as dificuldades linguísticas dos médicos podem ser superadas cada vez mais com o tempo de trabalho, já que o curso será disponibilizado via online para os profissionais durante os três anos do programa. Os próprios médicos alegam que o maior desafio é com a questão linguística, e até um dicionário com dialeto e gírias locais foi disponibilizado a estes profissionais.
    A língua portuguesa acabou, portanto, se tornando um instrumento médico, que pode salvar vidas. A importância da comunicação se tornou mais acentuada, nos mostrando cada vez mais que a capacidade de expressão e interpretação é tão necessária quanto um remédio para a cura de uma doença.
    Esperemos então que esta medida do governo não seja só mais uma ação política, e que estes médicos, mesmo não tendo que passarem pelo Revalida (exame nacional de revalidação do diploma médico), demonstrem a competência nas formas de comunicação e nas ações que precisamos no sistema de saúde público brasileiro. Esperemos também que logo, todos eles não precisem mais dos intérpretes no atendimento aos pacientes, e que eles aprendam o nosso bom português, em suas variações, para que não haja confusões como na simples palavra “grávida”, que em espanhol é “embarazada”.

terça-feira, 5 de novembro de 2013

APS - LÍNGUÍSTICA GERAL

Para um simples “entendeu?”, no passado usamos o “morou?”, que foi trocado pelo “sacou?” e hoje vemos na forma de “tá ligado?”.

Ao falar que uma moça é um “broto”, um “pitel” ou até mesmo uma “tetéia”, e que um homem é um “pão” podemos ser motivo de piada em uma roda de amigos hoje, mas nas antigas isso funcionava! Hoje usamos os simples “gata” e “gato” para demonstrar o quanto achamos alguém bonito e/ou atraente.

E quando achamos algo legal? Dizem os paulistas que é “da hora” ou que é “top”, os gaúchos dizem que é “tri”, já os bahianos e os cariocas dizem que é “massa” ou “show” e todas essas expressões eram resumidas, no passado por “supimpa”, “maneiro”, “transado” e “bacana” (esta, passou um tempo em desuso mas hoje está voltando à boca do povo).

Já quando alguém deixava de ir a uma festa, por exemplo, usava-se o “furou” e o não tão antigo “deu bolo”, hoje nem mais o “festa” é usado! Em seu lugar usa-se o “role” e até mesmo o “pico”. E quando alguém deixa de ir para o “role”, esse alguém “ramelou”. E se o “pico” foi “da hora” a gente “arrasa”, mas antes a gente “arrebentava a boca do balão” se o “role” não deu certo, ele “miou”, se no passado diríamos que “foi por água abaixo”.

Falando em passado, no passado, para falar em passado, era usada a expressão “no tempo do ronca”!
Chega de conversa furada, hora de “dar no pé”, expressão que, aliás, não mais é usada, atualizando: é hora de “vazar”.

Todos esses simples exemplos foram postos para mostrar como a língua evolui junto com seus falantes, e para a análise e estudo destas evoluções, temos a Linguística Histórica.

Linguística Histórica

A Linguística Histórica é o estudo da língua em relação ao seu desenvolvimento histórico (como surgiu, suas influências e mudanças sofridas ao longo do tempo).
As mudanças que ocorrem na língua estão relacionadas diretamente à sociedade, pois a língua é viva e acompanha a evolução de seus falantes. As mudanças se dão no léxico, na fonética, na estrutura gramatical e até mesmo na semântica das palavras.
Sendo a língua um fato social, guiada por regras internas e externas, as palavras, mesmo que pouco utilizadas não podem ter sua morte decretada, ou seja, não há como prever se e quando entrarão em desuso, e ainda quando ressurgirão, em sua forma original ou não.

Os falantes são criativos, criando assim gírias e mais gírias para regular o uso de algumas palavras e expressões. A polissemia, variados significados de uma mesma palavra/ expressão, tem papel importante nessa história, pois faz com que as gírias e expressões sobrevivam por mais tempo (ao menos um de seus significados).

domingo, 3 de novembro de 2013

 

 

O programa Mais Médicos e as dificuldades linguísticas.

Introdução:

        Através de pesquisas em jornais, revistas e sites sobre o  Programa Mais Médicos do governo federal, que faz parte de um amplo pacto de melhoria do atendimento aos usuários do Sistema Único de Saúde, onde prevê mais investimentos em infra estrutura dos hospitais e unidades de saúde, além de levar mais médicos para regiões onde há escassez e ausência de profíssionais.
     Percebemos que uma grande dificuldade destes profissionais, não é a infra-estrutura dos hospitais, ou a falta de aparelhos e medicamentos, mas sim a língua portuguesa, que apesar de não ser um grande empecilho para os termos médicos que em sua maioria provém do latim, ou do grego, atrapalha em uma questão importante entre médico e paciente.

       Uma reportagem da  revista Língua Portuguesa revela que, há no país ao menos 2.399 médicos estrangeiros, de acordo com os últimos dados da Demografia Médica no Brasil. Todos estão aqui muito antes de o Mais Médicos sair do papel. Vêm de 53 países - a América Latina representa 94% do total. No topo da lista estão os bolivianos, que somam 880, seguidos por 401 peruanos e 264 colombianos. Cuba está em quarto lugar, com 216 médicos em atuação veterana no território nacional.

- A comunicação com o paciente não é só pela linguagem falada ou escrita. Pode-se fazer gestos ou expressões, mas na hora de orientar uma dieta ou tentar mudar um estilo de vida, é preciso usar uma linguagem que seja bem interpretada por ambas as partes - afirma o médico argentino Hugo Luís Fernandez.

Ele chegou ao Brasil em 1989, já formado, com sua namorada brasileira, e achou que jamais entenderia o português de maneira mais aprofundada. Com paciência e esforço, diz que foi entendendo cada vez mais a língua e contou com a ajuda da sogra, professora de português.

- Tinha grande dificuldade em entender as diferentes formas de pronunciar as palavras conforme a região de origem do sujeito. As expressões idiomáticas não são fáceis de serem traduzidas e há abuso da linguagem grosseira. Apesar disso, entre os profissionais há uma linguagem bastante comum, já que os termos são derivados do latim e aqui é comum usar livros em inglês e espanhol - conta o médico da família, que trabalha na Unidade Básica de Saúde (UBS) Jardim Carombé, na zona norte da cidade de São Paulo.
 
É comum encontrarmos títulos de matérias como:


Nova leva de médicos cubanos tem dificuldade em falar português

  Falta de fluência em língua portuguesa deve ser o maior desafio para profissionais

     Na reportagem de Kamila Dourado do site R7, em Brasília.
Mostra que cerca de 2.000 médicos cubanos iniciaram a etapa de treinamento para atuarem em hospitais e postos em todo País. Nas próximas duas semanas, além de aulas sobre saúde básica e sistema de saúde brasileiro, os profissionais vão estudar a língua portuguesa. Em entrevista com o R7, alguns médicos cubanos afirmam que sua maior dificuldade, não são as estruturas precárias ou a falta de medicamentos que vão encontrar no interior do Brasil, que mais os assustam mas sim as dificuldades linguísticas.

    Alguns médicos entrevistados em espanhol afirmam que vão estudar o português com afinco, para que possam desempenhar um bom trabalho e para que este deixe de ser um fato de desconforto.

   O curso tem carga horária de 120 horas e tem ênfase em conhecimentos linguísticos, de comunicação, doenças prevalentes no Brasil e também aspectos éticos e legais de práticas médicas.


Bibliográfia: Revista Língua Portugues. 2013





quinta-feira, 11 de julho de 2013

Espaços Educativos Alternativos

Pesquisa para produção de espaço educativo a ser implementado em uma Escola Pública com base nas informações coletadas no Centro Cultural São Paulo. Pesquisa  desenvolvida pelas alunas do 1º semestre de Letras – Noturno para a Disciplina de Prática de Ensino.

INTRODUÇÃO 

A utilização de espaços extraclasses vai além do uso educativo no desenvolvimento dos alunos. Um espaço destinado dentro do ambiente educacional para novos conhecimentos e aprendizados prepara os jovens para interagir dentro e fora do ambiente escolar.

Agindo um pouco fora “da caixa”, sem hostilizar os parâmetros curriculares, é possível agregar diversão ao ensino através de práticas inclusivas e dinâmicas. Para isso é necessário planejamento prévio com responsabilidade que vise o espaço a ser utilizado, o público a ser atingido e o material a ser disponibilizado aos que terão acesso ao espaço.


Sendo assim, o trabalho a seguir falará sobre a utilização de um novo espaço educativo a ser implantado em uma Escola Pública com base nos dados coletado no Centro Cultura São Paulo, localizado na Rua Vergueiro, 1.000 e suas áreas disponibilizadas ao público em geral. Através de pesquisas e entrevistas, foram coletados dados relevantes para a implementação de um novo projeto educacional. 

ESPAÇOS EDUCACIONAIS ALTERNATIVOS 

Espaços educacionais alternativos ou espaços não tradicionais de ensino são ambientes externos, que vão além das salas de aula, onde é possível desenvolver atividades educacionais, complementando os conteúdos didáticos, aliando diversão e conhecimento. Todo e qualquer espaço pode ser utilizado para uma prática educativa, como áreas verdes na própria escola, no pátio escolar, em museus, zoológicos, parques, praças, bibliotecas, centros culturais etc.

Espaço - Recursos audiovisuais e laboratório de línguas 

A seção de Recursos Audiovisuais e Laboratório de Línguas da Biblioteca Sérgio Milliet oferece os serviços de audiovisionamento local de filmes, sessões de estudo com o uso de métodos autodidáticos de língua estrangeira e portuguesa e a consulta local de mídias digitais que acompanham os livros do acervo da Biblioteca Sérgio Milliet.

No espaço de audiovisionamento, o público pode assistir aos filmes pertencentes ao acervo do setor, composto de obras de ficção, documentários, séries originalmente veiculadas na televisão, palestras, debates, videoarte, dentre outros materiais. Para participar não há necessidade de inscrição.

ESPAÇO ADAPTADO PARA IMPLANTAÇÃO EM ESCOLAS PÚBLICAS

O espaço oferecerá um acervo de livros, gibis, revistas periódicas, DVDs e CDs em língua inglesa doados pelos docentes e discentes da própria escola e por outras instituições. Será utilizado para atividades dinâmicas como campeonatos de vídeo game, karaokê e música; rodas de leitura, oficinas de conversação e audiovisuais e pesquisas. Para participar basta estar regularmente matriculado no ensino fundamental ou médio da escola pública.

Materiais disponibilizados no espaço
Televisões, home theater, computadores, fones auriculares, microfones, livros, CDs e DVDs.

Vantagens e deficiências deste espaço

Vantagens.: 
Trabalhar o interesse, curiosidade, raciocínio lógico, concentração, coordenação motora e criatividade do aluno, além de promover a cultura e interação social.

Deficiências.:
Não abrange uma grande quantidade de alunos por conta da limitação do espaço. Limitar a quantidade de alunos/ participantes das atividades. Não será aberto ao público devido à preservação dos materiais dispostos e do próprio local.

Critérios de escolha

Como se sabe, o evento de grande porte, a Copa do Mundo, está às vésperas. Estrangeiros de todas as partes do mundo virão ao Brasil para prestigiá-lo e, portanto, é de suma importância que a sociedade brasileira seja levada ao conhecimento e aprendizado da língua inglesa, para que este momento de confraternização, seja explorado e aproveitado também para a aquisição de novos conhecimentos, troca de experiências e a descoberta de culturas diferentes. 

Diante disto, o espaço cultural Recursos Audiovisuais e Laboratório de Línguas foi o escolhido para ser implantado em escolas públicas do Estado de São Paulo e possivelmente ser estendido aos demais Estados. 

O projeto de implantação deste espaço cultural visa não somente a contribuição dos alunos e demais público para o desenvolvimento dos negócios durante o campeonato mundial, mas também o aprendizado de um novo conhecimento para toda a vida. O intuito é de que os alunos, futuros agentes da sociedade, desenvolvam habilidades comunicacionais na língua estrangeira inglesa, a língua universal e estejam preparados para o mercado de trabalho, mundo acadêmico, bem como, sintam-se aptos para conviverem com realidades diferentes.

Programação

Ficará disponível de segunda à sexta-feira durante todo o período de aula e aos sábados das 07 às 15h. A programação estará sujeita a alteração de acordo com a realização de eventos, projetos e dinâmicas realizados neste espaço.

Introdução ao espaço

Solicitar aos professores que utilizem este espaço para aplicação de atividades inter-relacionadas (entre a matéria e os materiais dispostos no espaço cultural), para que os alunos sejam introduzidos a este espaço e habituem-se com o mesmo. 
 
Exemplo: professor de geografia levará os alunos a reconhecer a densidade geográfica através de dinâmicas onde serão utilizados os materiais dispostos no espaço.

Divulgação

Folders espalhados pela escola, boca a boca e propaganda em redes sociais (feitas pelos próprios alunos e professores).

Recursos utilizados

Para a implantação do espaço será utilizado recursos financeiros da própria instituição de ensino em parceria com o governo, além de doações o corpo docente e discente, pais e responsáveis e organizações filantrópicas.

Recursos humanos

Os funcionários do espaço serão alunos da própria instituição de ensino e estagiários.

CONSIDERAÇÕES FINAIS

Este projeto foi desenvolvido baseado na deficiência das escolas públicas do Brasil, pois atualmente ainda existe o autoritarismo no ensino. Tais deficiências são notadas nas atividades limitadas que ocorrem em sua maioria somente nas salas de aula, e não em espaços alternativos. 

Um projeto como esse facilitaria o aprendizado além de complementar e trazer a tona uma nova maneira de aprender “brincando” com contextos que cercam a realidade dos alunos. 

BIBLIOGRAFIA 

Centro Cultural São Paulo. Disponível em: <http://www.centrocultural.sp.gov.br> 
Acesso em 23/05/2013 às 21:49h

O custo da escola pública. Disponível em: <http://chermontlopolis.wordpress.com>  Acesso em 23/05/2013 às 22:15h

domingo, 9 de junho de 2013

O gênero "Frase" e a manipulação da opinião pública

Identificação, coleta e análise crítica sobre o Gênero Textual “Frase” dentro do campo jornalístico e seu processo de manipulação do leitor. Pesquisa  desenvolvida pelas alunas do 1º semestre de Letras – Noturno para a Disciplina de Gêneros Textuais.
 
INTRODUÇÃO
 
Dentre os vários gêneros textuais, destaca-se um novo gênero nomeado “frase”, o qual está presente em diversos suportes do meio comunicativo. 
 
Oralmente ou verbalmente, a frase manifesta-se nas produções textuais presentes no dia a dia, seja numa propaganda, numa manchete e até mesmo num aviso. O estudo a seguir discorrerá sobre esse novo gênero textual através de um texto dissertativo, informando sobre as suas características, formas de uso, estruturação etc. Para validação, serão apresentadas frases inseridas no discurso jornalístico, as quais serão analisadas com o intuito de demonstrar como ocorre o processo de manipulação do leitor frente a uma curta expressão, permitindo assim diversas interpretações.
 
As características que fazem com que os exemplos façam parte do gênero textual “frase”, a intencionalidade do autor para com o leitor, a situacionalidade e a estruturação destas frases exemplificadas também serão apontadas para o melhor entendimento.
 
 CARACTERIZAÇÃO DO GÊNERO TEXTUAL “FRASE”
 
Os gêneros textuais são de suma importância para o ensino/aprendizagem e uma sugestão dos Parâmetros Curriculares Nacionais, posto que em toda comunicação utiliza-se gêneros textuais e ao utilizarmos em sala de aula, os alunos têm contato com uma diversidade de textos, muitas vezes já conhecidos por eles, mas de uma forma mais concreta e aprofundada.
 
Após os estudos de Bakhtin sobre gêneros e de estudos posteriores de outros linguistas e gramáticos, a definição de gênero tornou-se ampla e aberta, se tratando de um conjunto de produções verbais bem organizadas e estruturadas, tanto orais como escritas.
 
Partindo dessa ampla definição, surge então o gênero “frases”, veiculado nos domínios discursivos revistas e jornais. Para identificá-lo, os jornais e revistas utilizaram-se dessa nomenclatura. Dentro do domínio discursivo, o gênero “frases” surge geralmente em uma seção nas paginas iniciais, intitulada ou não.  Como exemplos de títulos temos a retrospectiva (melhores frases de um período), o bate-boca (frases contrapostas com declarações entre locutores ou sobre um tema) e o humor, classificado em ironias, tautologias, subentendidos, ambiguidades etc.
 
Em relação a sua estrutura, o gênero frases compõe-se de duas partes: a fala do locutor e o contexto do editor. A ordem é a fala em primeiro plano, seguida do contexto que é composto da identificação do locutor, um aposto que identifica sua profissão ou cargo, um aposto com uma informação adicional (caso o locutor não seja tão conhecido ou com uma critica/sátira do editor) e uma breve explicação do assunto ou tópico da fala (este podendo ser opinativo ou informativo). Sua estrutura pode ser completa (quando essas informações aparecem) ou incompleta (quando não se têm todas essas informações).
 
Para entender a fala do locutor é necessário que se tenha o contexto e este pode ser classificado em contexto informativo (traz somente informações, bem objetivas, sem constar a opinião do editor), contexto atrelado (há a necessidade de saber a fala anterior e outros meios, para se entender o texto) e contexto interpretativo ou tendencioso (quando há a opinião do editor e, além disso, o leitor é convidado a compreender as intenções do editor e a refletir e opinar também).
 
O gênero frase não pode ser analisado separadamente, mas a fala do locutor em conjunto com o contexto do editor torna-se o texto. As fontes utilizadas para a escolha das frases, pelos editores são orais (anotadas e gravadas de entrevistas e outros eventos comunicativos) e escritas (cartazes, faixas, jornais, revistas e redes sociais).
 
Analisando o aspecto temporal as “frases” podem ser situadas (falas de eventos comunicativos atuais, como questões políticas, sociais e escândalos, com a necessidade de o leitor saber os acontecimentos atuais) e eternas (falas atemporais, que possuem o mesmo significado e efeito independente da época que é veiculada, normalmente de escritores famosos e cientistas, não precisam ser atuais e não exige que o leitor saiba os acontecimentos atuais).
 
Existem alguns tipos de locutores, a saber: locutores adultos de renome (nacionais ou internacionais), crianças e adolescentes, pessoas do povo (anônimos) e instituições.
 
Ao inserir o estudo do gênero “frases” na sala de aula, o professor terá facilidade, pois o texto é de fácil leitura, abrange todas as matérias (dependendo da fala do locutor e do contexto), as frases tanto podem trazer acontecimentos atuais como mensagens atemporais, promove o contato com os domínios discursivos e pode estimular discussões produtivas, formadoras de cidadãos mais cultos e conscientes.

COLETA DE AMOSTRAS E ANÁLISE CRÍTICA
 
O corpus de pesquisa escolhido para o estudo do Gênero “Frase” foi a seção “Veja Essa” publicada semanalmente na Revista Veja como veremos a seguir:
 
“O estádio será para os corintianos o que Israel é para os Judeus”
LUÍS PAULO ROSENBERG, vice-presidente do Corinthians, no Wall Street Journal
Revista Veja, Edição 2.309 de 20 de fevereiro de 2013 – página 57
 
A frase em destaque apresenta características de humor subentendido, pois, por trás do que foi dito o leitor pode ler as entrelinhas. Ela está inserida em um contexto atrelado já que é do senso comum que Israel para os Judeus é a “Terra Prometida”, o lugar sagrado que pertence e identifica seu povo. Assim como Israel, o estádio do Corinthians representa o território da “nação corintiana”. Apesar de apresentar uma estrutura incompleta (informa locutor de renome e aposto, mas não identifica a situação / momento na qual foi dita) não deixa de ser uma frase com característica eterna / atemporal. A intenção do autor é exaltar a imagem do time Paulista perante os demais.
 
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“É sintomático o número de integrantes da suposta quadrilha. Treze é também o número do Partido dos Trabalhadores”
MARCO AURÉLIO MELLO, ministro do Supremo, ao condenar os mensaleiros por formação de quadrilha.
Revista Veja, Edição 2.293 de 31 de outubro de 2012 – página 72
 
Inserida em um contexto tendencioso, com forte característica de humor subentendido, a frase acima ao comparar o número de condenados (13) com o número do Partido dos Trabalhadores, está sarcasticamente envolvendo o PT no mensalão. Além disso, no sentido implícito da palavra “sintomático” a revista tem a intenção de passar ao leitor a mensagem que uma doença (o mensalão) é sintoma de outra (O Partido dos Trabalhadores). Por ser uma frase situada, dentro de um intenso cenário político, a revista fornece todas as informações necessárias para seu entendimento - locutor de renome, aposto e ocasião.
 
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domingo, 2 de junho de 2013

Semântica

A Semântica é o campo da Língua Portuguesa que estuda as significações das palavras. No que diz respeito ao aspecto semântico da língua, podem-se destacar a Sinonímia, a Antonímia e a Polissemia.
 
A Sinonímia estuda as palavras sinônimas, ou seja, aquelas que possuem significado ou sentido semelhante. Vejamos:
 
 1. A garota renunciou veementemente ao pedido de casamento.
 2. A menina recusou energeticamente o pedido de casamento.
 3. A mocinha rejeitou impetuosamente o pedido de casamento.
 
Vemos que os substantivos “garota”, “menina” e “mocinha” têm um mesmo significado, sentido, todos correspondem e nos remete à figura de uma jovem. Assim também são os verbos “renunciou”, “recusou” e “rejeitou”, que nos transmite ideia de repulsa, de “não querer algo” e também os advérbios que nos fala da maneira que a ação foi cometida “veementemente”, “energeticamente” e “impetuosamente”, ou seja, de modo intenso.

A Antonímia estuda as palavras com sentido oposto. Vejamos:

 1. A garota renunciou veementemente ao pedido de casamento.
 2. A senhora aceitou passivamente o pedido de casamento.


Percebemos que “garota” tem significado oposto à “senhora” assim como os verbos “renunciou” e “aceitou” e os advérbios “veementemente” e “passivamente”.


Veja na música de Caetano Veloso a seguir, o jogo de significados opostos:



A Polissemia é o estudo  das significações que uma palavra assume em determinado contexto linguístico. Uma mesma palavra na língua pode assumir diferentes significados, o que dependerá do contexto em que está inserida. Observe:

 1. A menina fez uma bola de sabão com o brinquedo.
 2. A mãe comprou uma bola de basquete para o filho.
 3. O rapaz disse que sua barriga tem formato de bola.
 4. A professora falou para desenhar uma bola.


Nos exemplos acima, a palavra  “bola”, assumiu diferentes significados, a partir de um contexto (situação de linguagem) diferente em cada frase; Respectivamente temos: o formato que a bolha de sabão fez; o objeto usado em jogos; o aspecto arredondado da barriga e ainda o sentido de círculo, circunferência na última oração.

BIBLIOGRAFIA
 
Semântica. Disponível em: <http://www.brasilescola.com/portugues/semantica.htm> Acesso em 02/06/2013 as 17:46h